Haloween, abóboras, bruxas, doces. Ah, o melhor de dia das bruxas na infância são os doces, não? Eu sei que é um hábito totalmente americano e que não tem muito a ver com as nossas tradições, que nós somos um bando de copiões e bla bla bla. Não é da nossa cultura, ok.
Mas mesmo assim... Quem, criança, nunca foi fazer doces ou travessuras na sua rua com os amigos, ou dentro de um condomínio? Eu ia. Eu botava um batom marrom escurão, ficava uma gata com minhas botas plastificadas pretas que meu pai dizia que eram do Darth Vader, colocava uma saia de pregas, blusa preta e uma das coisas mais legais: podia deixar a minha unha comprida e pintá-la de preto. HAHA. Ahh, eu adorava unhas compridas e escuras... É que a minha mãe dizia que era coisa de mulher, não de criança, e só deixava no Dia das Bruxas. Depois de pegar minha bolsinha a tiracolo, ia para encontrar as minhas amigas que moravam no mesmo prédio que eu, e que até hoje são próximas: Milena, Steffany, Louise... Entre outras menininhas risonhas de bota e chapéu de bruxa.
Quando íamos fazer doces ou travessuras, recebíamos doces e também recebíamos “Não”s bem amargos, sem direito a travessuras. E às vezes, bem às vezes, podíamos fazer as sonhadas e planejadas travessuras. Não que elas fossem maldosas: éramos um bando de menininhas inocentes. Mas quando podíamos fazer travessuras, mesmo que bobinhas, era uma emoção.
Teve uma vez que quando pedimos doces, ao invés de dizer Não e fechar a porta, a moça disse: “Putz, esqueci...”. Aí nós, cada menina mais cheia de esperança que a outra, dissemos: “Então é travessura!”. Mas aquilo era de praxe... Dizíamos e geralmente não éramos atendidas. Só que ela abriu um sorriso e disse: “Entrem”. As meninas gritaram e correram pelo pequeno apartamento, indo direto para o quarto de solteiro.
Eu fui entrando devagar, passo a passo, sondando a área. Estava com vergonha de bagunçar, mas doida de vontade. Logo a moça gentil veio até mim e disse: “Pode entrar”. Eu sei, parece João e Maria, não? Daqui a pouco ela ia dizer que havia biscoitos no quarto e me prender na casa, pra eu nunca mais ver meus pais. Mas não. Ela só sorriu e fez gesto para eu ir para o quarto.
Quando entrei no quarto para bagunçar, as meninas já tinham praticamente feito todo o serviço: edredons no chão, almofadas... Mas fiquei feliz só de ajudar a pôr um lençol que fosse no chão. E depois saímos da casa serelepes e saltitantes, até meio felizes por não termos ganhados os doces: tínhamos ganhado a travessura.
Fomos pedir mais doces e batemos numa casa que um homem sombrio atendeu.
- Olá, posso ajudar? – sua voz não era acolhedora.
Nós estávamos meio receosas, meio se olhando... Mas dissemos mesmo assim o “Doces ou Travessuras!”. Ele estava todo de preto e disse:
- Não, aqui não tem doce. – ele disse, rude – Eu to fazendo uma poção – sua voz era macabra, e nisso gargalhadas femininas e estridentes vieram de dentro do apartamento. Ele estava com expressão de mau, não parecia que ia deixar a gente fazer travessuras... E naquele ponto, nem queria mais saber de fazer travessuras! Não naquele apartamento assustador com um cara assustador.
- Viram? – ele apontou para dentro da casa, da onde ouviam-se mais gritinhos e risadinhas estridentes – Elas estão ficando loucas! – e gargalhou, para depois, repetir, duro – E aqui não tem doce!
Nos olhamos com medo e então começamos a gritar “AAH! AAH!”, antes de sairmos correndo. Que medo, que susto! Tínhamos de anotar o número daquele apartamento, pra que no próximo ano não pedíssemos doce lá. Eu, hein...
Não era tão fácil ganhar alguma coisa, mas lembro que em um apartamento, também foi um homem que atendeu, pediu para esperarmos. Ora, isso indicava que não iríamos fazer travessuras, pois ganharíamos os tais doces. Ansiosas, nossa surpresa foi grande quando vimos que ele trazia saquinhos de chás. É sério! O que faríamos com saquinhos de chás? Se ainda fôssemos crianças inglesas, tudo bem. Mas chás? Aceitamos decepcionadas, e só agradecemos porque éramos educadas.
E mesmo com a maioria das travessuras negadas, as portas fechadas na nossa cara, os resmungos de “ela ficou com mais doce que eu”, voltávamos pra casa simploriamente felizes. Não antes de descer para a pracinha de brinquedos para brincar mais um pouco, claro. E tínhamos certeza de que no ano seguinte continuaríamos juntas e continuaríamos incomodando os vizinhos pedindo doces; porque tudo bem que era uma tradição estrangeira incorporada, mas já era nossa tradição.
Mas mesmo assim... Quem, criança, nunca foi fazer doces ou travessuras na sua rua com os amigos, ou dentro de um condomínio? Eu ia. Eu botava um batom marrom escurão, ficava uma gata com minhas botas plastificadas pretas que meu pai dizia que eram do Darth Vader, colocava uma saia de pregas, blusa preta e uma das coisas mais legais: podia deixar a minha unha comprida e pintá-la de preto. HAHA. Ahh, eu adorava unhas compridas e escuras... É que a minha mãe dizia que era coisa de mulher, não de criança, e só deixava no Dia das Bruxas. Depois de pegar minha bolsinha a tiracolo, ia para encontrar as minhas amigas que moravam no mesmo prédio que eu, e que até hoje são próximas: Milena, Steffany, Louise... Entre outras menininhas risonhas de bota e chapéu de bruxa.
Quando íamos fazer doces ou travessuras, recebíamos doces e também recebíamos “Não”s bem amargos, sem direito a travessuras. E às vezes, bem às vezes, podíamos fazer as sonhadas e planejadas travessuras. Não que elas fossem maldosas: éramos um bando de menininhas inocentes. Mas quando podíamos fazer travessuras, mesmo que bobinhas, era uma emoção.
Teve uma vez que quando pedimos doces, ao invés de dizer Não e fechar a porta, a moça disse: “Putz, esqueci...”. Aí nós, cada menina mais cheia de esperança que a outra, dissemos: “Então é travessura!”. Mas aquilo era de praxe... Dizíamos e geralmente não éramos atendidas. Só que ela abriu um sorriso e disse: “Entrem”. As meninas gritaram e correram pelo pequeno apartamento, indo direto para o quarto de solteiro.
Eu fui entrando devagar, passo a passo, sondando a área. Estava com vergonha de bagunçar, mas doida de vontade. Logo a moça gentil veio até mim e disse: “Pode entrar”. Eu sei, parece João e Maria, não? Daqui a pouco ela ia dizer que havia biscoitos no quarto e me prender na casa, pra eu nunca mais ver meus pais. Mas não. Ela só sorriu e fez gesto para eu ir para o quarto.
Quando entrei no quarto para bagunçar, as meninas já tinham praticamente feito todo o serviço: edredons no chão, almofadas... Mas fiquei feliz só de ajudar a pôr um lençol que fosse no chão. E depois saímos da casa serelepes e saltitantes, até meio felizes por não termos ganhados os doces: tínhamos ganhado a travessura.
Fomos pedir mais doces e batemos numa casa que um homem sombrio atendeu.
- Olá, posso ajudar? – sua voz não era acolhedora.
Nós estávamos meio receosas, meio se olhando... Mas dissemos mesmo assim o “Doces ou Travessuras!”. Ele estava todo de preto e disse:
- Não, aqui não tem doce. – ele disse, rude – Eu to fazendo uma poção – sua voz era macabra, e nisso gargalhadas femininas e estridentes vieram de dentro do apartamento. Ele estava com expressão de mau, não parecia que ia deixar a gente fazer travessuras... E naquele ponto, nem queria mais saber de fazer travessuras! Não naquele apartamento assustador com um cara assustador.
- Viram? – ele apontou para dentro da casa, da onde ouviam-se mais gritinhos e risadinhas estridentes – Elas estão ficando loucas! – e gargalhou, para depois, repetir, duro – E aqui não tem doce!
Nos olhamos com medo e então começamos a gritar “AAH! AAH!”, antes de sairmos correndo. Que medo, que susto! Tínhamos de anotar o número daquele apartamento, pra que no próximo ano não pedíssemos doce lá. Eu, hein...
Não era tão fácil ganhar alguma coisa, mas lembro que em um apartamento, também foi um homem que atendeu, pediu para esperarmos. Ora, isso indicava que não iríamos fazer travessuras, pois ganharíamos os tais doces. Ansiosas, nossa surpresa foi grande quando vimos que ele trazia saquinhos de chás. É sério! O que faríamos com saquinhos de chás? Se ainda fôssemos crianças inglesas, tudo bem. Mas chás? Aceitamos decepcionadas, e só agradecemos porque éramos educadas.
E mesmo com a maioria das travessuras negadas, as portas fechadas na nossa cara, os resmungos de “ela ficou com mais doce que eu”, voltávamos pra casa simploriamente felizes. Não antes de descer para a pracinha de brinquedos para brincar mais um pouco, claro. E tínhamos certeza de que no ano seguinte continuaríamos juntas e continuaríamos incomodando os vizinhos pedindo doces; porque tudo bem que era uma tradição estrangeira incorporada, mas já era nossa tradição.
2 comentários:
Ontem vieram bruxinhas aqui em casa e lhes contei que tem gente que dá saquinhos de chá para as crinças. Elas não acreditaram... Belas lembranças :)
E de lembrar que ese ano tu não queria sair na rua, por vergonha, me da até uma tristeza. É tão bom, fico tão feliz nos dias das bruxas, que acabo me sentindo uma. 31 de outubro de 2011 que nos aguarde... beeeijos amiga
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